Isolamento
Ironicamente não se pode dizer que o isolamento seja problema de uma só pessoa. Quando alguém está isolado, e isolado não significa fisicamente sozinho, significa intimamente sem ter com quem falar das mesmas coisas, com afecto e entendimento profundo das questões de cada um; existe um vazio partilhado. Isto porque existem imensas pessoas isoladas. E todas juntas, deixaríam de o estar. É tão simples quanto isto.
Só por sorte a vida põe na nossa frente as pessoas exactas ao que nos faz realmente falta. Claro que todas as pessoas nos trazem aprendizagens. Mas também temos de ser nós mesmos a procurar alargar a roda de contactos a fim de encontrar aquelas pessoas que fazem o pires certo para cada chávena.
Todos precisamos de ter ao redor pessoas a quem nem precisamos de explicar, porque entendem. Todos precisamos de partilhar vivências e perceber que existem iguais, que não estamos sozinhos, que existem muitas pessoas que sentem o mesmo e aspiram aos mesmos ideais e valores.
Esta necessidade é transversal a todas as idades, classes sociais, etnias ou qualquer grupo que queiramos artificialmente designar.
Digo artificialmente, porque detalhes culturais à parte, somos todos pessoas. Precisamos todos de afecto, de compreensão, de nos sentirmos úteis, valorizados e respeitados. Isto é uma realidade desde que se nasce até que se morre e mesmo enquanto estamos na barriga das nossas mães.
Precisamos de respeito, num sentido lato de respeito, que compreende as nossas muitas facetas, que inclui as nossas particularidades e aquilo em que somos como todos os outros. Na realidade quem nos respeita olha-nos, ouve-nos, e deixa-nos ser a nossa melhor versão de nós mesmos.
É um tipo de respeito que devemos a um recém nascido, e que devemos a todas as pessoas em todos os contextos, idades e circunstâncias.
Mais, temos em nós a capacidade de ajudar os outros a brilhar, simplesmente respeitando-os, dessa forma que valoriza, engrandece e devolve a nobreza natural de cada um de nós.
Este é o princípio do fim do isolamento.
Na realidade, quem vive isolado priva todos os outros da sua companhia. Todos perdemos quando alguém vive isolado, porque não recebemos o que essa pessoa tem para dar e ensinar.
Acabar com o isolamento dos outros, é acabar com o nosso próprio isolamento.
Mesmo quando uma pessoa acha que não tem nada para dar, que não tem nada de especial, isso é o princípio de um pensamento depressivo, ou seja, não é uma visão saudável e realista das coisas.
Todos somos seres únicos, inteiros e maravilhosos quando integrados num ambiente que nos relembra o valor de tudo o que já vencemos, já perdemos, já fomos, já conseguimos ou deixámos de conseguir. As nossas manias, as nossas capacidades e talentos, as nossas dificuldades e coisas de que nunca fomos capazes. Tudo encaixa. Há sempre alguém que precisa disso em nós.
Somos sempre uma dádiva.
Somos sempre importantes.
Infelizmente só quando deixámos de estar isolados e nos integramos realmente em algo, percebemos o quanto perdíamos antes de o fazer.
É por isso que vale a pena dar o passo, estreitar o laço, arriscar e ir de peito aberto ao encontro da outras avós, das outras mães, das outras mulheres que procuram exactamente o mesmo.
Podemos agarrar nos nossos julgamentos de valor, na nossa crítica e no nosso ruminar mental fruto do medo da diferença. Agora não é isso que interessa, não precisamos de ter certezas maiores do que as dos outros.
Podemos chegar com o exemplo da nossa experiência de vida, e aproveitar a dos outros, dando e recebendo, ensinando e aprendendo em igual medida.
Isto chama-se equilíbrio. Chama-se saúde. E é bom.
É para isto que existem as Mães de Transição, e é para isto que se estende um convite muito especial às avós de transição.
Deixe o isolamento com ele mesmo, e venha connosco tomar chá.
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